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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Capítulo 3: A Praia

Martin Guitierrez sentou-se na areia e observou o sol que se punha, refletindo seus raios na água da baía e tingindo de dourado a copa das palmeiras. Depois, pensativo, voltou o olhar para o man-guezal, na praia de Cabo Blanco. Encontrava-se bem perto do local onde a menina americana fora mordida, há dois dias.


Embora fosse verdade o que contara aos Bowman sobre mordidas de lagartos, Guitierrez nunca ouvira falar de alguém que tivesse sido atacado por um lagarto basilisco. E seguramente jamais soubera de um caso de hospitalização. Além disso, a marca deixada no braço de Tina parecia ser um pouco grande demais para um basilisco. Ao voltar para a estação de pesquisa em Carara, consultara a pequena biblioteca existente ali, mas não encontrara referências a mordidas de basilisco. Checara em seguida o International BioSciences Service, um banco de dados computadorizado nos Estados Unidos. Também lá nada havia sobre mordidas de basilisco, nem internamentos por ataques de lagartos.


Em seguida tinha ligado para o médico responsável por Amaloya, que confirmara a história da criança atacada no berço. Um bebê de nove dias, quando dormia, fora mordido por um animal que a avó — a única pessoa que realmente o viu — afirmou ser um lagarto. Pouco depois o pé do recém-nascido inchou, e ele quase morreu. A avó descreveu o lagarto, que seria verde, com listras marrons. Mordera a criança várias vezes, antes que a mãe o afugentasse.


— Muito estranho — Guitierrez falou.


— Nada disso, foi igual aos outros casos — retrucou o médico, contando vários incidentes similares. Uma criança em Vásquez, a vila seguinte na costa, fora mordida enquanto dormia. E outra em Puerta Sotrero. Todos os casos aconteceram nos últimos dois meses. E todos envolviam bebês e crianças pequenas que dormiam.


Um padrão tão novo e inusitado levara Guitierrez a suspeitar da presença de uma espécie de lagarto até então desconhecida. Tal fato não o surpreenderia, na Costa Rica. Com apenas cento e vinte quilômetros de largura em seu ponto mais estreito, o país era menor do quaj o Estado do Maine. Contudo, dentro daquele espaço limitado, abrigava uma notável plêiade de habitats biológicos: costas, tanto do lado Atlântico quanto Pacífico; quatro cadeias montanhosas distintas, incluindo picos de quatro mil metros de altura e vulcões ativos; florestas tropicais, florestas cobertas por nuvens, zonas temperadas, pântanos e desertos áridos. Tal variedade ecológica permitia uma diversidade espantosa de espécies animais e vegetais. A Costa Rica tinha três vezes mais espécies de pássaros do que toda a América do Norte. Mais de mil espécies de orquídeas. Mais de cinco mil de insetos.


Novas espécies eram descobertas a todo momento, em um ritmo que aumentara nos anos recentes, por um triste motivo. A Costa Rica vinha sendo desmatada, e quando as espécies existentes na floresta perdiam seus habitats, mudavam-se para outros locais, alterando muitas vezes o comportamento.


Assim sendo, uma nova espécie era perfeitamente possível. Mas, junto com a excitação da descoberta, vinha a possibilidade preocupante de novas doenças. Os lagartos eram portadores de viroses, e várias delas poderiam ser transmitidas a seres humanos. A mais séria era a encefalite central sáuria, ou ECS, que provocava uma espécie de doença do sono em pessoas e cavalos. Considerava importante localizar esse novo lagarto, no mínimo para verificar as doenças que poderia transmitir.


Sentado na praia, acompanhando o pôr-do-sol, Guitierrez suspirou. Talvez Tina Bowman tivesse visto um novo animal, talvez não. Ele com certeza não o vira. No início da manhã apanhara a pistola de pressão, carregada com dardos de ligamina, e seguira para a praia cheio de esperanças. Mas o dia fora perdido. Logo precisaria pegar o carro e voltar. Não queria encarar aquela estrada no escuro.


Levantou-se e caminhou pela praia. Um pouco adiante, viu a silhueta escura de um macaco, movendo-se na beira do manguezal. Guitierrez afastou-se, aproximando-se do mar. Se havia um macaco ali, haveria outros nas árvores, e eles costumavam urinar nos intrometidos.


Mas aquele macaco parecia estar sozinho, e caminhava devagar, parando a todo momento, agachado. O macaco levava algo na boca. Conforme Guitierrez aproximou-se, percebeu que comia um lagarto. A cauda e as patas traseiras pendiam na boca do animal. Mesmo a distância, Guitierrez viu as listras marrons no corpo esverdeado.


Guitierrez abaixou-se e apontou a pistola. O macaco, acostumado a viver protegido na reserva, encarou-o curioso. Não fugiu, nem mesmo quando o primeiro dardo passou por ele sem acertá-lo. Quando o segundo cravou-se na coxa, o macaco gritou de raiva e surpresa, largando os restos de sua refeição ao fugir para a mata.


Guitierrez levantou-se e chegou mais perto. Não se preocupava com o macaco: a dose de tranqüilizante era pequena, só provocaria alguns minutos de tontura e mais nada. Já começava a pensar no que fazer com sua descoberta. Ele mesmo redigiria o relatório preliminar, mas os restos do animal teriam de ser enviados aos Estados Unidos, para uma identificação final positiva, claro. Para quem o mandaria? O especialista mais conhecido era Edward H. Simpson, professor emérito de zoologia na Universidade Colúmbia, em Nova York. Um senhor elegante, com cabelos brancos penteados para trás, Simpson era a maior autoridade mundial em taxonomia de lagartos. Provavelmente, Martin pensou, mandaria aquele exemplar para o dr. Simpson.

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