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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Lythronax - O 'rei do sangue' - "tio - avô" do Tiranossauro é encontrado nos EUA

Ilustração mostra o dinossauro Lythronax argestes, considerado o "tio-avô" do T-Rex (Foto: Museu de História Natural da Utah/Audrey Atuchin/AP)Cientistas do estado norte-americano de Utah dizem ter descoberto o "tio-avô" doTyrannosaurus rex, um predador enorme com um crânio pesado e grandes dentes, apelidado de "rei do sangue".
Ossos do dinossauro de 7,3 metros de comprimento, pouco menor do que o T-Rex e cerca de 10 milhões de anos mais velho, foram revelados no Museu de História Natural de Utah, em Salt Lake City.
Informações sobre a pesquisa foram publicadas no periódico científico "PLoS One".
Pesquisadores esperam que a descoberta ajude a entender melhor o ecossistema onde o predador viveu. Descoberto por funcionários da Agência Federal de Administração da Terra no leste do Utah em 2009, o animal foi batizado de Lythronax argestes, ou "rei do sangue", por causa de seus dentes enormes e da aparência de predador.
"Descobrir o Lythronax antecipa a evolução do grupo no qual surgiu o T-Rex, o que é algo que não entendíamos antes", disse Mark Loewen, geólogo da Universidade de Utah, que liderou a escavação do novo dinossauro. "O Lythronax é como o tio-avô do T-Rex".
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Crânio da nova espécie de dinossauro que foi anunciada por pesquisadores (Foto: Museu de História Natural da Utah/Mark Loewen/AP)Crânio da nova espécie de dinossauro que foi anunciada
por pesquisadores
(Foto: Museu de História Natural da Utah/Mark Loewen/AP)
Mais antigo do que se pensava
Paleontologistas achavam que membros do grupo com características como o T-Rex --corpos grandes, braços pequenos, crânios pesados e olhos para frente-- datavam de 70 milhões de anos, mas o Lythronax mostra sinais de ter existido pelo menos há 80 milhões de anos.
Como seu parente, acredita-se que oLythronax era o maior predador de sua época, perambulando por uma faixa de terra que ia do México ao Alasca, incluindo partes de Utah, durante a idade campaniana, no final da era Cretácea.
"O que é mais legal é que isso mostra que as origens dos últimos tiranossauros conhecidos estavam na parte sul da América do Norte, e não na Ásia ou mais longe na América do Norte" como se pensava antes, disse Andrew Farke, curador do Museu de Paleontologia Raymond M Alf, em Claremont, Califórnia.
Fotografias dos restos fósseis da espécie recém-descoberta foram enviadas para Loewen e sua equipe logo depois de serem descobertos no extremo sul do Monumento Nacional Grand Staircase-Escalante, na fronteira entre Colorado e Utah.
O grupo passou os dois anos seguintes resgatando, preservando e reunindo os ossos. Então, viajou para locais onde outros ossos do grupo de tiranossauro estavam sendo estudados, inclusive a China, Birmingham, Alabama; Washington, D.C. e Nova York.
Descoberta interessante
Os ossos do Lythronax estavam dispostos entre camadas de cinzas vulcânicas, o que permitiu aos cientistas determinar a idade do dinossauro estudando a decomposição dos cristais de cinzas que os cercavam.
"Esse tipo de descoberta é muito interessante e excitante porque não é apenas outro animal daquela era, mas um grande predador daquela era", disse o paleontologista Peter Roopnarine, que estuda a ecologia dos períodos de dinossauro para a Academia de Ciências da Califórnia.
Roopnarine disse que ser capaz de aprender mais sobre o Lythronax vai revelar mais sobre o ecossistema da época de seu reinado.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Nova espécie de dinossauro é encontrada no Brasil

O fóssil de uma nova espécie de dinossauro descoberta em Mato Grosso está em fase de estudo por pesquisadores de Mato Grosso e do Rio de Janeiro. Os vestígios do animal, que era herbívoro, tinha entre 8 e 10 metros de altura e pertencia à família dos titanossauros, foram descobertos em 2002, no município de Tesouro, a 385 km de Cuiabá.
Um dos responsáveis pelos trabalhos é o doutor em paleontologia Alexander Kellner, de 52 anos, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Nascido em Liechtenstein, mas naturalizado brasileiro, ele também foi um dos descreveram o primeiro fóssil de dinossauro encontrado em solo mato-grossense, o abelissauro.
O fóssil atualmente em pesquisa é composto por coluna vertebral, braços e pernas. O paleontólogo evita dar muita informação sobre o dinossauro. “Não se costuma falar muito de um animal que está sendo descrito ainda”, justifica Kellner, que já descreveu cerca de 50 espécies de animais e, entre eles, aproximadamente 10 dinossauros.
O material ficou parado por um bom tempo no museu nacional, diz o estudioso, e não há prazo para que a descrição fique pronta. Além do tamanho dos dinossauros em si, um dos entraves para a pesquisa é a falta de verba, aponta Kellner.
“Até porque os pesquisadores não estudam só essas espécies. E os dinossauros, por serem muito grandes, demandam mais tempo e mais dinheiro. Uma das grandes dificuldades é remover o sedimento que envolve o fóssil”, comenta.
Um dos exemplos da demora nesse processo é a descrição do abelissauro, há pouco mais de uma década. A vértebra caudal e uma vértebra da coluna foram encontrados no distrito Jangada Roncador, de Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, na década de 60, mas o animal só foi descrito cerca de 40 anos depois. O fóssil permaneceu décadas no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e acabou sendo estudado por pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
O animal ganhou o nome de Pycnonemossaurus nevesi e o apelido de “lagarto de Abel”. O dinossauro era carnívoro, podia chegar a 4 metros de altura e viveu há aproximadamente 70 milhões de anos. Uma réplica de 2,20 metros de altura e 7 de cumprimento pode ser vista no Museu de Pré-História Casa Dom Aquino, na capital.
Pesquisas em MT
A estimativa é que no máximo cinco pesquisadores atuem no estado, nos dias atuais, para estudar fósseis, diz a bióloga e doutora em botânica Silane Caminha, responsável pelo laboratório de paleontologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“O estado é gigantesco e há pouquíssimas pessoas trabalhando com isso. O potencial é muito grande. Temos vários invertebrados e muitos vertebrados. E há as plantas também. Acho que nossa evolução de conhecimento de dinossauros deveria ser muito além do que está”, afirma.
Porém, a riqueza de Mato Grosso não está relacionada apenas aos vestígios de dinossauros. Aqui, por exemplo, foi encontrado dez anos atrás o fóssil de um peixe, em Alto Garças, a 366 km da capital, que teria vivido há mais ou menos 250 milhões de anos. O autor da descoberta, que ocorreu durante uma aula de campo, foi um aluno do curso de geologia da UFMT.
Fóssil de peixe encontrado em Alto Garças (Foto: Carolina Holland/G1)Fóssil de peixe encontrado por estudante durante aula de campo em Alto Garças (Foto: Carolina Holland/G1)
“É importante porque é um holótipo (espécime único, a partir do qual foi descrita uma espécie ou subespécie). Uma espécie nova. E é o primeiro peixe encontrado aqui no estado. Depois desse achado, não foi encontrado mais nada”, explicou Silane. A publicação da descrição do fóssil, no entanto, nunca saiu. “Já foi submetida, está tudo certo, mas não foi publicada ainda. Essas coisas demoram mesmo, na verdade”, afirma.
De acordo com a doutora, alguns dos lugares com maior potencial paleontológico no estado são a região de Chapada dos Guimarães (dinossauros e braquiópodes - invertebrados que parecem ostras), Guiratinga e Tesouro (dinossauros), e Alto Garças (mesossauro – espécie de lagarto pequeno).
Os vestígios mais comuns encontrados no estado são de braquiópodes. “São 'conchinhas' encontadas com abundância em Chapada. E são importantes porque foram pouco estudadas. Foram alvo de pesquisas nas década de 80 e 90, mas, depois disso  ninguém nunca mais estudou”, diz Silane.
A pesquisadora avalia que os fósseis do estado ainda são pouco conhecidos. E, apesar do potencial, o estado não atrai muita gente de fora. “A impressão que eu tenho quando vou a congressos é que todo mundo quer vir a Mato Grosso. Mas, efetivamente, nunca aconteceu. Tem muitos paleontólogos no Sudeste e Sul do país. Mas eles acabam se envolvendo nas pesquisas locais”, afirma. Essa ausência de interessados é ruim, avalia Alexander Kellner “A falta de pesquisadores faz com que demore a elucidação das pesquisas”, opina.
Outros achados de dinossauros, como coprólitos (restos fecais fossilizados), fêmur e ossos longos desses animais podem ser vistos no Museu de Minerais, Rochas e Fósseis da UFMT.
Ir a campo
As idas a campo em busca de fósseis são sempre incógnitas. Muitas vezes, paleontólogos e estudantes passam dias procurando e nada. Ou quando encontram, são coisas mais soltas, como vértebras e costelas. Achar um animal inteiro é raro.
O laboratório de paleontologia da UFMT recebe colaboração de moradores de várias regiões do estado, que avisam quando encontram materiais. Alguns donos de minas também têm exercido papel importante no estímulo à pesquisa. Quando algum trabalhador encontra um fóssil, por exemplo, encaminha à universidade.

“A atividade de coleta é de risco. Fica-se muito tempo acampado, tirando muita coisa da terra, dormindo em barraca. Não é fácil. E ainda existe a possibilidade de não encontrar nada”, diz Kellner.
Na UFMT, 40 alunos do curso de geologia vão a campo uma vez por ano para passar de 4 a 7 dias vasculhando. Às vezes encontram alguma coisa. Porém, mas na maioria das vezes, não. “A gente vai preparado para não encontrar nada”, ressalta Silane.
No entanto, quando um fóssil é descoberto, tudo muda. “A comida passa a ser uma delícia e o acampamento vira hotel cinco estrelas”, brinca Kellner.
Fósseis e população
Contudo, ocorrem ainda enganos, como o de confundir ossos 'novos' com fósseis. Para saber se o que foi encontrado deve ser objeto de pesquisa para paleontólogos, uma das dicas é verificar a densidade: o fóssil é mais rocha do que osso e, por isso, é pesado como uma pedra. Em outras palavras, o osso recente é muito mais leve porque não é uma rocha ainda.
Para a paleontologia, materiais de até 10 mil anos atrás são subfósseis. E, anteriores a isso, fósseis.
Fóssil de mesossauro encontrado em Mato Grosso (Foto: Carolina Holland/G1)Fóssil de mesossauro encontrado em Mato Grosso está no laboratório de paleontologia da UFMT
(Foto: Carolina Holland/G1)